domingo, 19 de junho de 2016

A Biomecânica do Esporte: a constante busca pela superação dos limites do homem

        Este artigo nos faz compreender a ligação entre a Biomecânica e o esporte, e sua importância para cada modalidade. O porquê de certos treinamentos específicos dentre algumas modalidades por exemplo. Um artigo escrito por Alberto Carlos Amadio e Julio Cerca Serrão que busca caracterizar a Biomecânica como uma área de conhecimento fortemente envolvida na identificação de parâmetros capazes de influenciar o rendimento do atleta no esporte.   

         Saltar mais alto ou mais longe, correr a maior distância ou fazê-lo no menor tempo possível, converter o maior número de pontos. Qualquer que seja a modalidade esportiva, o objetivo central é sempre o mesmo: superar os limites do homem. Embora a otimização do rendimento esportivo seja fruto da combinação de fatores tão diversos como os genéticos e os sócio-afetivos, é inegável que a obtenção do máximo rendimento depende em grande monta da elaboração de estratégias de treinamento capazes de potencializar as capacidades e habilidades envolvidas no desempenho da modalidade. 
          Associada a outras disciplinas, a Biomecânica é uma ferramenta indispensável na determinação dos fundamentos capazes de embasar o planejamento e a aplicação de um programa do treinamento esportivo. Com vistas a exemplificar tal possibilidade, tome-se o exemplo do estudo de BRENNECKE, GUIMARÃES, GAILEY, LEONI, CARDACI, OLIVEIRA, MOCHIZUKI, AMADIO e SERRÃO (2009), cujo objetivo central foi investigar, por meio da Eletromiografia, a efetividade de um método de treinamento de força bastante popular: a pré-exaustão. Tal estratégia de treinamento preconiza que os exercícios multiarticulares devam ser precedidos, sem intervalos de descanso, por exercícios mono-articulares, objetivando a potencialização do trabalho dos músculos agonistas.
          Com vistas a analisar a efetividade deste método de treinamento, os autores determinaram parâmetros temporais e de intensidade da ativação muscular, utilizando os exercícios supino (multiarticular) e o crucifixo (monoarticular). A intensidade de ativação muscular do peitoral maior e do deltóide anterior não foi significativamente diferente quando da adoção do protocolo de pré-exaustão, contrariando a premissa básica que fundamenta este método de treinamento. Curiosamente, o tríceps braquial apresentou maior intensidade de ativação quando da aplicação do método de pré-exaustão.
          Os autores concluem que o método de pré-exaustão pode ser eficiente para impor maior estímulo neural sobre pequenos grupos acessórios na execução de um movimento e não sobre o grupo principal. Dados como este, são de fundamental importância para colaborar no julgamento da validade de métodos tradicionalmente utilizados no treinamento. A identificação das características mecânicas do gesto esportivo pode ser considerada outra grande contribuição da Biomecânica. Bom exemplo desta contribuição pode ser observado no estudo de BRAGA NETO (2008), que a partir da utilização de procedimentos da dinamometria, da cinemetria e da eletromiografia, analisou as características biomecânicas de dois dos mais utilizados movimentos do tênis: o “forehand” e o “backhand”.
         Em função do posicionamento dos pés, o “forehand” pode ser realizado de duas formas distintas: “forehand open stance” (FOS) e “forehand square stance” (FSS). Dados da literatura especializada apontam que o posicionamento dos pés pode ser determinante no desempenho do tenista. O “backhand” pode ser executado, em função do posicionamento das mãos na raquete, com uma (BK1) ou com duas mãos (BK2). Os resultados obtidos pelo autor apontam a ocorrência de uma maior ativação muscular para as técnicas FOS e BK2.
         Entretanto, durante a fase pré-impacto, os maiores valores de ativação muscular foram observados quando da utilização do FSS e BK1. Dados como os apresentados por BRAGA NETO (2008) exemplificam como a Biomecânica pode estabelecer uma significativa contribuição para a avaliação da influência da técnica de movimento no desempenho esportivo. 

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