A Biomecânica do Esporte: a constante busca pela superação dos limites do homem
Este artigo nos faz compreender a ligação entre a Biomecânica e o esporte, e sua importância para cada modalidade. O porquê de certos treinamentos específicos dentre algumas modalidades por exemplo. Um artigo escrito por Alberto Carlos Amadio e Julio Cerca Serrão que busca caracterizar a Biomecânica como uma área de conhecimento fortemente envolvida na identificação de parâmetros capazes de influenciar o rendimento do atleta no esporte.
Saltar mais alto ou mais longe, correr a maior
distância ou fazê-lo no menor tempo possível, converter
o maior número de pontos. Qualquer que seja
a modalidade esportiva, o objetivo central é sempre
o mesmo: superar os limites do homem. Embora a
otimização do rendimento esportivo seja fruto da
combinação de fatores tão diversos como os genéticos e os sócio-afetivos, é inegável que a obtenção
do máximo rendimento depende em grande monta
da elaboração de estratégias de treinamento capazes
de potencializar as capacidades e habilidades envolvidas
no desempenho da modalidade.
Associada a
outras disciplinas, a Biomecânica é uma ferramenta
indispensável na determinação dos fundamentos
capazes de embasar o planejamento e a aplicação
de um programa do treinamento esportivo. Com
vistas a exemplificar tal possibilidade, tome-se o
exemplo do estudo de BRENNECKE, GUIMARÃES,
GAILEY, LEONI, CARDACI, OLIVEIRA, MOCHIZUKI,
AMADIO e SERRÃO (2009), cujo objetivo central foi
investigar, por meio da Eletromiografia, a efetividade
de um método de treinamento de força bastante
popular: a pré-exaustão. Tal estratégia de treinamento
preconiza que os exercícios multiarticulares
devam ser precedidos, sem intervalos de descanso,
por exercícios mono-articulares, objetivando a potencialização
do trabalho dos músculos agonistas.
Com vistas a analisar a efetividade deste método de
treinamento, os autores determinaram parâmetros
temporais e de intensidade da ativação muscular,
utilizando os exercícios supino (multiarticular) e o
crucifixo (monoarticular). A intensidade de ativação
muscular do peitoral maior e do deltóide anterior
não foi significativamente diferente quando da
adoção do protocolo de pré-exaustão, contrariando
a premissa básica que fundamenta este método
de treinamento. Curiosamente, o tríceps braquial
apresentou maior intensidade de ativação quando
da aplicação do método de pré-exaustão.
Os autores
concluem que o método de pré-exaustão pode ser
eficiente para impor maior estímulo neural sobre
pequenos grupos acessórios na execução de um
movimento e não sobre o grupo principal. Dados
como este, são de fundamental importância para
colaborar no julgamento da validade de métodos
tradicionalmente utilizados no treinamento. A
identificação das características mecânicas do
gesto esportivo pode ser considerada outra grande
contribuição da Biomecânica. Bom exemplo desta
contribuição pode ser observado no estudo de
BRAGA NETO (2008), que a partir da utilização de
procedimentos da dinamometria, da cinemetria e da eletromiografia, analisou as características biomecânicas
de dois dos mais utilizados movimentos
do tênis: o “forehand” e o “backhand”.
Em função
do posicionamento dos pés, o “forehand” pode ser
realizado de duas formas distintas: “forehand open
stance” (FOS) e “forehand square stance” (FSS).
Dados da literatura especializada apontam que o
posicionamento dos pés pode ser determinante no
desempenho do tenista. O “backhand” pode ser
executado, em função do posicionamento das mãos
na raquete, com uma (BK1) ou com duas mãos
(BK2). Os resultados obtidos pelo autor apontam
a ocorrência de uma maior ativação muscular para
as técnicas FOS e BK2.
Entretanto, durante a fase
pré-impacto, os maiores valores de ativação muscular
foram observados quando da utilização do FSS
e BK1. Dados como os apresentados por BRAGA
NETO (2008) exemplificam como a Biomecânica
pode estabelecer uma significativa contribuição para
a avaliação da influência da técnica de movimento
no desempenho esportivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário